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A relatividade da fofoca

Published by Adriana Neumann under on 12:36:00 PM
Hoje recebi um comentário sobre meu último post, de um leitor anônimo:

"Gostava de teu blog; porém, da postagem anterior até esta, pareço ler apenas fofocas. TRISTE".

Em primeiro lugar, triste mesmo foi o anonimato. Afinal, quem não tem medo de suas ideias, não deveria ter medo de se revelar. E, se não se revela, é porque não está tão certo quanto às suas ideias. Por outro lado, essa falta de identificação gerou uma insegurança desconfortável, já que não sei quem tem esse novo pensamento a respeito das minhas postagens. Seria um bom amigo ou um ilustre desconhecido? Mil rostos me passaram pela mente e pensei se cada uma dessas pessoas que têm nome e sobrenome e me são queridas seria capaz de me criticar tão veladamente, me fazendo, de certa forma, interpretar papel de idiota.

Mas, acredito que de tudo devemos extrair um pensamento. E, diante desse post, fiquei a me questionar: o que é fofoca, enfim?

Pergunto isso porque já fiz várias fofocas ao longo da história deste blog: disse que o bispo Cirilo de Alexandria era um filho da p*&%$; entreguei que a Austrália foi colonizada por criminosos casados com prostitutas e contei que Francesca da Rimini era amante de Paolo Malatesta, dentre outras coisas.

Mas, em nenhum desses momentos, meu incógnito leitor disse que eu estava fazendo fofoca. Mas, por que? Será que é porque o ingrediente principal da fofoca é justamente a atualidade?

Assim, seguindo essa linha de raciocínio, uma fofoca vintage deixaria de ser fofoca para passar a fato histórico. E, de quebra, o fofoqueiro passaria a ser considerado culto.

Já vinha pensando nisso quando do casamento de Will&Kate. Nessa ocasião eu estava lendo um romance histórico, que tinha como personagens Eleonora, duquesa de Aquitânia, Luis, rei da França, e Henrique, rei da Inglaterra.

O livro contava todas as intrigas ocorridas na época, falando do casamento de Eleonora com Luis, do figurino usado para o momento, dos seus casos extraconjugais e até da roupa que usou quando foi coroada rainha da Inglaterra, por ter-se casado com Henrique. Coisa de tablóides ingleses atuais. Mas, era História e o livro era sério.

Enquanto isso, o casamento de Will&Kate estava sendo noticiado em "Caras" e "Contigo" e era comentado em salões de cabeleireiros. Falava-se da indumentária da noiva e convidadas, da recepção e da cerimônia. Exatamente como no caso Eleonora-Luis-Henrique. Mas, era fofoca e "Caras" e "Contigo" não podem ser chamadas de revistas muito sérias.

Então, tudo é relativo, até mesmo definições vocabulares já amalgamadas, que ganham outros contornos quando estudadas à luz do passar do tempo.

Fico entristecida pela decepção que causei a meu leitor. Mas, o que posso dizer a ele é que meu blog fala da vida - minha e dos outros -, mas não é a própria vida, assim como o livro é muito mais que sua capa.

Se hoje faço fofoca, quem sabe amanhã estarei falando de rosas e libélulas? Afinal, nunca se deve subestimar um autor só por causa do seu surto criativo.

1 comentários:

Anônimo disse... @ 26 de julho de 2011 às 14:08

Adri querida, não sei quem teve o atrevimento de dizer que você faz fofoca no seu blog.... que chato isso!
Adoro as coisas que você escreve, culta, inteligente, não combina em nada com fofoca.
Ai ai ai.... como tem gente invejosa.

Beijos da Pri

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