Sunrays

Blogger Template by ThemeLib.com

Haï luli!

Published by Adriana Neumann under on 8:03:00 PM
Je suis triste, je m'inquiet,
Je ne sais plus que devenir.
Mon bon ami devait venir,
Et je l'atends ici seu lette.

Haï luli, haï luli,
Où donc peut être mon ami?

Je m'as sieds pour filer ma laine,
Le fil se case dans ma main...
Alons, je filerai demain:
Au juor d'hui je suis trop en peine!

Haï luli, haï luli,
Qu'il fait triste sans son ami!

Si jamais il devient volage,
S'il doit un jour m'abandonner,
Le village n'aqu'á brûler,
Et moimê avec le village!

Haï luli, haï luli,
A quoi bon vivre sans ami?


(Estou triste e aborrecida, não sei o que vai acontecer: Meu bom amigo deveria vir e eu o espero tão sozinha... Ah, onde meu amigo poderá estar? Sentei-me para fiar alguma lã e ela partiu-se em minhas mãos. Então, vou fiar amanhã, porque hoje estou sofrendo muito. Ah, como tudo é triste sem meu amigo! Se ele mudar de ideia, se ele me abandonar, toda a vila pode queimar e eu junto, que não me importo; afinal, como poderá ser bom viver sem meu amigo?)


Pauline Viardot, compositora, cantora lírica, exímia pianista e dilaceradora de corações, compôs essa canção em meados do século XIX. Com extrema melancolia, mostra a incerteza e ansiedade que existem na espera de um amigo que não vem e não dá notícias.

Passaram-se anos, mais de uma centena deles, e as mulheres não mudaram: continuam à espera de seus bons amigos, sem os quais a vida não faz sentido.

Muito antes de Viardot, Shakespeare já havia advertido:

"Sigh no more, ladies
Men were decievers ever
One foot in see and one on shore
To one thing constant never
Then sigh not so and let then go
And be you blithe and bonny
Converting all your sounds of woe
Into 'Hey, nonny, nonny'"

(Não suspirem mais, senhoras, porque os homens sempre foram dissimulados. Um pé no mar e outro na terra, sem nunca conseguir ser constantes para uma só coisa. Então, não suspirem mais e deixem-nos partir, e sejam alegres e formosas, transformando todos seus murmúrios em um canto de alegria)

Mas, parece que as mulheres fizeram ouvidos de mercador a tão prudente conselho e continuaram a suspirar por seus homens, com a única diferença de que elas não sabem mais fiar nem tecer.

Então, modernizando um pouco o texto de Viardot, uma moçoila do século XXI cantaria assim:

"Estou triste e aborrecida, não sei o que vai acontecer: Meu bom amigo deveria vir e eu o espero tão sozinha... Ah, onde meu amigo poderá estar? Sentei-me em frente ao meu notebook pra conversar um pouco no MSN, mas fiquei tão ansiosa que quebrei o mouse. Então, vou teclar amanhã, porque hoje estou sofrendo muito. Ah, como tudo é triste sem meu amigo! Se ele mudar de ideia, se ele me abandonar, meu notebook pode pegar um virús e deletar minhas contas do orkut e do facebook e eu perder todos os meus amigos, que não me importo; afinal, como poderá ser bom viver sem meu amigo?

É, certo mesmo está o francês: "Plus ça change, plus c'est la même chose"...

3 comentários:

Anônimo disse... @ 11 de outubro de 2010 às 08:10

Explêndido ML

João Gilberto disse... @ 9 de novembro de 2010 às 18:23

Gostei da modernização: vila e orkut, lã e notebook.

Até mais doutora.

PS: De que livro saiu essa citação de Shakespeare?

Vanderlei Leite disse... @ 18 de dezembro de 2010 às 10:01

Na verdade, entendo que nem somos todos diferentes, mas todos iguais, ao menos iguais no âmago, no mais profundo de cada um.
Chorar não é exclusividade nem de um, nem de outro, choramos todos, e muitas vezes pelos mesmos motivos.
O que difere mesmo é a camada de tinta que costumamos nos dar sempre que achamos necessário, e às vezes nem é.
Gostei muito do texto.

Postar um comentário

 

Lipsum

Seguidores