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Carolina in my mind

Published by Adriana Neumann under on 9:27:00 AM
Carolina Jones nasceu em uma fazenda lá pelas bandas do interior da Inglaterra, nos idos de 1800 Aos vinte anos se casou com um oficial da Companhia das Índias, com ele teve filhos e todos foram morar na Austrália, já que para lá ele fora transferido.

Acontece que, não muito tempo depois, ele teve que voltar ao seu posto e a deixou sozinha com os filhos. Não seria nada de mais se o ano não fosse 1840.

Ora, todo mundo sabe que a Austrália foi povoada, sobretudo, de convicts, condenados em seu país, muitos homens e poucas mulheres - a maioria delas com doze, quinze anos, condenadas por prostituição. Então, dá pra ter uma ideia de como caíam nessa multidão. Como verdadeira caça, acuadas nas ruas de Sidney, só escapavam indo dormir à noite ao relento, fora da cidade e nos rochedos.

Vendo esse espetáculo revoltande, Carolina sentiu-se atacada em sua bondade de mulher. Apelou para as autoridades, para o clero e para a imprensa, em vão. Aliás, como se não bastasse, recebeu respostas irônicas nos jornais. Mas, tanto fez que conseguiu um velho armazém emprestado do governo, onde abrigou uma centena dessas mulheres.

Mas, ainda assim, o problema delas não acabou. Afinal, como alimentá-las? Foi aí que Carolina saiu à procura de pessoas que pudessem empregá-las, sendo muitíssimo bem sucedida, pois, em menos de um ano, conseguiu salvar setecentas mulheres. E algumas ainda conseguiram se casar.

Depois disso, tendo acabado as vagas em Sidney, Carolina passou a ir a outros lugares buscar colocações e até casamentos para as moças. Ia só, sem proteção, pelas estradas da Austrália, muitas vezes enfrentando tempestades.

E foi assim que ela conseguiu dar um pouco de esperança a tantas mulheres que mais nada poderiam esperar.

Li essa história comovente no livro "A Mulher", escrito em 1859 por Jules Michelet - recomendo a leitura!

Interessante é que, no final, ele diz: "É a lenda de um mundo. Sua lembrança crescerá de época a época".

Mas, não foi isso que aconteceu. Resolvi fazer uma rápida busca na internet e o resultado foi: ZERO, nada sobre Carolina Jones, nem mesmo na Wikipedia (apesar do que muitos pensam, principalmente os mais jovens, nem tudo está na internet e nada ainda substituiu a boa e velha biblioteca).

Talvez o povo australiano tenha vergonha de seus antepassados: criminosos e prostitutas; talvez se pense que a vida e o trabalho dessa mulher não tivesse sido importante a ponto de valer uma menção na internet. Não sei. Só sei, se não fosse esse livro, sequer teria noção de tão admirável existência.

Sei, também, que, a depender de mim, a partir de agora, Carolina Jones terá pelo menos uma menção na internet.

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