A Vingança
Published by Adriana Neumann under on 3:16:00 PM
Aquela era a gota d'água! Era a segunda vez naquela semana que ela não conseguia entrar no banco.
Alguns meses atrás, sofrera um acidente e recebeu pinos e parafusos em algumas partes do seu corpo. Depois disso, era aquele constrangimento: por todo detetor de metais que passava, era barrada e encarada como se meliante fosse. E aquilo estava acontecendo pela segunda vez só naquela semana, sem contar as outras.
Toda vez era a mesma ladainha. A porta de entrada do banco era travada e se iniciava o mesmo diálogo entre ela e o segurança do banco:
- A senhora retirou todos os objetos de metal?
- Sim.
- Procure e veja se faltou algum: moedas, tesouras, serra-fita, metralhadora, machado, guilhotina. Algum objeto dessa natureza?
- Ah sim, encontrei minha faca de destrinchar aves no fundo da bolsa. Serve?
- Pois coloque-a no compartimento ao lado e passe pela porta.
- Pois não.
Piiiiiii (barulho de porta se travando) !!!!!!
- Meu senhor, já tirei tudo. Só se o senhor quiser que eu tire meus pinos e parafusos também.
E apelando para o sentimental, com contornos de novela mexicana:
- Não faça isso com uma pobre deficiente que carrega esse peso em seu corpo e apenas deseja um lugar ao sol! Deixe-me entrar!!!
- Só se a senhora deixar eu olhar sua bolsa.
- Não deixo. Não permito que invadam minha privacidade.
Não tinha jeito, o segurança não cedia de maneira alguma. Então, começava a dança sádica de chama-o-gerente-o-superintendente-e-a-pqp. Ela chegava a sentir até um certo prazer em irritar o segurança e fazê-lo sair do alto de sua posição para chamar o gerente.
Mas, por mais que aquilo tenha sido divertido um dia, agora já estava perdendo a graça. E aquela foi a gota d'água: pela segunda vez naquela semana e décima oitava desde o seu acidente, ela não conseguia entrar no banco. Aquilo não podia ficar assim.
Resolveu se vingar. Saiu da agência resoluta e entrou no sex shop mais próximo. Pediu um consolo, o maior que havia. A vendedora mostrou um de 25 cm, cor-da-pele. Não era suficiente: ela escolheu um do mesmo tamanho, mas verde alface, que brilhava no escuro. Empolgou-se e ainda escolheu um par de algemas, um vibrador de coelhinho, um chicote e uma calcinha de plumas.
À noite, encontrou-se com as amigas, mostrou-lhes seus novos brinquedinhos e contou-lhes seu plano maquiavélico. Elas, que já a consideravam meio excêntrica, acharam que ela endoidou de vez. No entanto, disseram que não perderiam aquela cena por nada desse mundo.
Assim foi que, no dia seguinte, ela se dirigiu à mesma agência bancária do dia anterior, pronta para executar seu plano de vingança.
Piiiiiii (barulho de porta se travando) !!!!!!
- A senhora retirou todos os objetos de metal?
- Sim.
- Procure e veja se faltou algum: moedas, tesouras, serra-fita, metralhadora, machado, guilhotina. Algum objeto dessa natureza?
- Não.
E ainda dando uma última chancer ao seu algoz, com olhar desamparado:
- Por favor, deixe-me entrar!
- Só se a senhora deixar eu olhar sua bolsa.
Essa foi a deixa, tudo o que ela precisava.
- Claro! Por favor, segure aqui...
E entregou ao segurança o tal consolo verde alface que brilha no escuro.
- Se-senhora, não precisa me mostrar mais nada, 'tá bom assim.
- Não, eu faço questão de mostrar TUDO o que há na minha bolsa!
E continuou tirando seus brinquedos da bolsa e os colocando no tal compartimento ao lado da porta, primeiro o vibrador, depois o par de algemas, o chicote e, por fim, a calcinha de plumas.
O segurança não sabia o que fazer. Pensou em chamar a gerência, mas não conseguia sequer se mexer. Uma pequena turba começou a ser formar, velhinhas passavam mal e um pastor da Igreja dos Óleos Ungidos do Sétimo Dia da Nova Profecia, que estava ali para depositar o dízimo da semana, esbravejou, dizendo que era o demônio que ali se manifestava. Ela aproveitou para incorporar a pomba gira e ainda pedir mé e ebó.
Pronto, a confusão estava armada e ela assistia a tudo com um sorrisinho no rosto e a sensação de dever cumprido.
Depois disso, nunca mais foi proibida sua entrada na agência bancária, ainda que ela tenha sempre na bolsa a sua Taurus calibre 38, que passou a usar para defender sua honra que anda, por assim dizer, um tanto maculada.
Alguns meses atrás, sofrera um acidente e recebeu pinos e parafusos em algumas partes do seu corpo. Depois disso, era aquele constrangimento: por todo detetor de metais que passava, era barrada e encarada como se meliante fosse. E aquilo estava acontecendo pela segunda vez só naquela semana, sem contar as outras.
Toda vez era a mesma ladainha. A porta de entrada do banco era travada e se iniciava o mesmo diálogo entre ela e o segurança do banco:
- A senhora retirou todos os objetos de metal?
- Sim.
- Procure e veja se faltou algum: moedas, tesouras, serra-fita, metralhadora, machado, guilhotina. Algum objeto dessa natureza?
- Ah sim, encontrei minha faca de destrinchar aves no fundo da bolsa. Serve?
- Pois coloque-a no compartimento ao lado e passe pela porta.
- Pois não.
Piiiiiii (barulho de porta se travando) !!!!!!
- Meu senhor, já tirei tudo. Só se o senhor quiser que eu tire meus pinos e parafusos também.
E apelando para o sentimental, com contornos de novela mexicana:
- Não faça isso com uma pobre deficiente que carrega esse peso em seu corpo e apenas deseja um lugar ao sol! Deixe-me entrar!!!
- Só se a senhora deixar eu olhar sua bolsa.
- Não deixo. Não permito que invadam minha privacidade.
Não tinha jeito, o segurança não cedia de maneira alguma. Então, começava a dança sádica de chama-o-gerente-o-superintendente-e-a-pqp. Ela chegava a sentir até um certo prazer em irritar o segurança e fazê-lo sair do alto de sua posição para chamar o gerente.
Mas, por mais que aquilo tenha sido divertido um dia, agora já estava perdendo a graça. E aquela foi a gota d'água: pela segunda vez naquela semana e décima oitava desde o seu acidente, ela não conseguia entrar no banco. Aquilo não podia ficar assim.
Resolveu se vingar. Saiu da agência resoluta e entrou no sex shop mais próximo. Pediu um consolo, o maior que havia. A vendedora mostrou um de 25 cm, cor-da-pele. Não era suficiente: ela escolheu um do mesmo tamanho, mas verde alface, que brilhava no escuro. Empolgou-se e ainda escolheu um par de algemas, um vibrador de coelhinho, um chicote e uma calcinha de plumas.
À noite, encontrou-se com as amigas, mostrou-lhes seus novos brinquedinhos e contou-lhes seu plano maquiavélico. Elas, que já a consideravam meio excêntrica, acharam que ela endoidou de vez. No entanto, disseram que não perderiam aquela cena por nada desse mundo.
Assim foi que, no dia seguinte, ela se dirigiu à mesma agência bancária do dia anterior, pronta para executar seu plano de vingança.
Piiiiiii (barulho de porta se travando) !!!!!!
- A senhora retirou todos os objetos de metal?
- Sim.
- Procure e veja se faltou algum: moedas, tesouras, serra-fita, metralhadora, machado, guilhotina. Algum objeto dessa natureza?
- Não.
E ainda dando uma última chancer ao seu algoz, com olhar desamparado:
- Por favor, deixe-me entrar!
- Só se a senhora deixar eu olhar sua bolsa.
Essa foi a deixa, tudo o que ela precisava.
- Claro! Por favor, segure aqui...
E entregou ao segurança o tal consolo verde alface que brilha no escuro.
- Se-senhora, não precisa me mostrar mais nada, 'tá bom assim.
- Não, eu faço questão de mostrar TUDO o que há na minha bolsa!
E continuou tirando seus brinquedos da bolsa e os colocando no tal compartimento ao lado da porta, primeiro o vibrador, depois o par de algemas, o chicote e, por fim, a calcinha de plumas.
O segurança não sabia o que fazer. Pensou em chamar a gerência, mas não conseguia sequer se mexer. Uma pequena turba começou a ser formar, velhinhas passavam mal e um pastor da Igreja dos Óleos Ungidos do Sétimo Dia da Nova Profecia, que estava ali para depositar o dízimo da semana, esbravejou, dizendo que era o demônio que ali se manifestava. Ela aproveitou para incorporar a pomba gira e ainda pedir mé e ebó.
Pronto, a confusão estava armada e ela assistia a tudo com um sorrisinho no rosto e a sensação de dever cumprido.
Depois disso, nunca mais foi proibida sua entrada na agência bancária, ainda que ela tenha sempre na bolsa a sua Taurus calibre 38, que passou a usar para defender sua honra que anda, por assim dizer, um tanto maculada.
4 comentários:
Dri, adorei!
Parece assim, digamos, meio auto-biográfico, não? rsss
Beijos
Huuummm, digamos q sim! rsrsrsrs
Beijocas
Cara, muito bom. Eu ri pensando no constrangimento do guarda rs. A história é verídica?
Oi Helen
Pois então... todas as minhas histórias são a verdade pintada com cores mais fortes. Então, e-xa-ta-men-te assim não foi, mas chegou perto.
Beijos
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