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Ah, a soberba!

Published by Adriana Neumann under on 1:50:00 PM
Esses dias, estava eu no meu plantão lá na ONG, quando resolvi fazer uma limpa numa papelada antiga que estava há séculos amontoada num armário.

No meio de tantos papéis, encontrei alguns relatórios de atividades de 1975, 1983 e anos próximos. Todos muito bem feitos, arrumadinhos. Apesar disso, não tive pena: mandei tudo pro lixo. Afinal, aqueles relatórios não tinham mais utilidade nenhuma e só estavam ocupando espaço.

Foi então que me dei conta da transitoriedade das coisas. Em 1975, a responsável por elaborar aquele relatório considerou sua tarefa como algo de suma importância, assim como eu neste ano de 2007. Estávamos erradas? Claro que não! Afinal o relatório de atividades é essencial para uma entidade filantrópica. No entanto, nem o capricho nem a noção de relevância impediram ou impedirão que nosso trabalho vá parar no lixão ou, com uma certa sorte, em algum depósito de recicláveis.

Assim, o que é importante hoje, deixará de sê-lo amanhã e por aí vai.

Pra mim isso isso é tão óbvio que escrever sobre o tema me parecia ridículo. Mas, tristemente descobri que a maioria das pessoas não têm noção da precariedade da sua existência e da transitoriedade de seus atos. Vivem como se imortais fossem e como seus feitos fossem ser lembrados até o fim dos tempos.

Acho que essa postura é fruto do comportamento hedonista que vem tendo nossa sociedade. Não há mais espaço para qualquer tipo de pensamento que acarrete a mais pálida sombra de sofrimento. Finitude? Transitoriedade? Pra que pensar nisso se a Ivete Sangalo vai fazer um show no sábado e vai rolar a festa?

Somos, pois, a sociedade do presente. Do viver hoje. Buscamos a sensação de felicidade aqui e agora e nos esquecemos de pensar no todo e no futuro. De onde viemos e para onde vamos são perguntais desagradáveis e inconvenientes que preferimos ignorar.

O problema é que os frutos disso tudo são a soberba, a falta de ética e o total descaso com o sofrimento e as necessidades do próximo.

Meu retorno ficou meio sombrio, eu sei. Mas, não me ocorreu nada mais leve para dizer nesses dias.

Prometo tentar melhorar o humor na próxima.

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