Meu novo amigo invisível
Published by Adriana Neumann under on 3:25:00 PM
Tendo resolvido partir para carreira solo, minha primeira providência foi procurar uma sala onde pudesse montar meu escritório, uma que tivesse minha cara e fosse agradável aos clientes.
Fui à procura e encontrei o lugar ideal: uma sala nem grande nem pequena, ensolarada, bem localizada, num prédio antigo que foi todo restaurado, aluguel modesto e, como se não bastasse, um belo terraço.
Resultado: assinei o contrato de locação de 36 meses e fui à luta. Mas, não estava preparada para o que ninguém havia me contado até então: nos anos 40, século passado, a sala era ocupada por um dentista, que, num acesso de fúria, matou seu cliente, o picou em mil pedaços, e colocou-o numa mala no forro da sala.
Agora, imagine um prédio antigo, com uma escadaria, forro de madeira e um possível fantasma nele. Perfeito!
Claro que alguns ficaram aterrorizados com a história, outros me sugeriram até rescindir o contrato ou pedir um desconto-fantasma.
Mas, não me deixei levar pelas opiniões alheias. Afinal, tenho uma história e tanto para contar - não são muitos por aí que ocupam uma sala onde ocorreu um crime tenebroso. Além disso, se fantasmas existem, eu teria sempre companhia.
Então, começaram a acontecer coisas: meu grampeador sumiu e meu computador travou. Não consegui achar meus papéis e, pasmem, a porta da minha sala se abriu sozinha.
Então, foi a gota d'água. Parei o que estava fazendo e falei, me sentindo um tanto quanto ridícula com toques de esquizofrenia: "Qualé, cara? Tudo bem, gostou de mim, gostou do lugar, pode ficar. Mas, por favor, não atrapalhe!"
E então veio o silêncio. A porta se fechou e meu grampeador surgiu, da mesma forma que havia desaparecido.
O mais interessante é que, depois desse dia, eu passei a sentir que estou sendo cuidada. Acho que esse fantasma simpatizou comigo. Um dia, quando saí apressada para almoçar, esqueci de passar a trancar na porta. Quando voltei, lá estava ela, trancadinha.
Mas, o melhor aconteceu hoje.
Primeiro, vou explicar a confusão: o número da minha sala, oficialmente, é o três. No entanto, para efeito de interfone, é o cinco. E cinco também é o número que consta na caixa de correspondência. E eu não tenho a chave da caixa de conrrepondência da sala três. Entendeu? Pois é, nem eu. Mas, o fato é que, quando fui contratar telefone e energia elétrica, informei o número três como sendo o da sala, já que é esse que consta no meu contrato de locação.
Preocupada com o fato de que o carteiro fosse colocar as faturas na caixa três, à qual não tenho acesso, fui pedir uma segunda via de conta para a operadora de telefonia e a companhia de energia. Foi aquele problema, porque eu precisava ter o número do contrato. Mas, eu não tinha o número do contrato porque ele estava nas faturas que estavam na caixa de correspondência indisponível.
Apelei pro meu charme e, num ato de desespero, até para a minissaia com a fenda do lado. Nada feito: sem contrato, sem segunda via de conta.
Fui ao escritório com um pé de cabra, já disposta a arrombar a bendita caixa três e pegar minhas faturas. Aliás, diga-se de passagem, àquela altura eu já estava delirando e a abertura da tal caixa três me pareceu uma boquinha com um sorrisinho sacana para mim. E pensei com meus botões: "é agora que esse sorrisinho vai acabar, porque eu vou destruir você, sua caixinha ordinária!"
Porém, num momento iluminado, resolvi olhar para a caixa cinco e abrí-la: lá estavam as minhas contas de energia elétrica e de telefone. Claro que só podia ser coisa do meu fantasma particular.
E assim seguimos trabalhando, eu e meu novo amigo invisível. Dizem que esse tipo de amizade é saudável até os cinco ou seis anos (diga-se de passagem, eu fui saudável até demais, porque até essa idade tive três amigos imaginários), mas que depois vira caso psiquiátrico.
Mas, não me importo. Prefiro ficar com o que diz a letrada música: "mais louco é quem me diz e não é feliz; eu sou feliz".
Fui à procura e encontrei o lugar ideal: uma sala nem grande nem pequena, ensolarada, bem localizada, num prédio antigo que foi todo restaurado, aluguel modesto e, como se não bastasse, um belo terraço.
Resultado: assinei o contrato de locação de 36 meses e fui à luta. Mas, não estava preparada para o que ninguém havia me contado até então: nos anos 40, século passado, a sala era ocupada por um dentista, que, num acesso de fúria, matou seu cliente, o picou em mil pedaços, e colocou-o numa mala no forro da sala.
Agora, imagine um prédio antigo, com uma escadaria, forro de madeira e um possível fantasma nele. Perfeito!
Claro que alguns ficaram aterrorizados com a história, outros me sugeriram até rescindir o contrato ou pedir um desconto-fantasma.
Mas, não me deixei levar pelas opiniões alheias. Afinal, tenho uma história e tanto para contar - não são muitos por aí que ocupam uma sala onde ocorreu um crime tenebroso. Além disso, se fantasmas existem, eu teria sempre companhia.
Então, começaram a acontecer coisas: meu grampeador sumiu e meu computador travou. Não consegui achar meus papéis e, pasmem, a porta da minha sala se abriu sozinha.
Então, foi a gota d'água. Parei o que estava fazendo e falei, me sentindo um tanto quanto ridícula com toques de esquizofrenia: "Qualé, cara? Tudo bem, gostou de mim, gostou do lugar, pode ficar. Mas, por favor, não atrapalhe!"
E então veio o silêncio. A porta se fechou e meu grampeador surgiu, da mesma forma que havia desaparecido.
O mais interessante é que, depois desse dia, eu passei a sentir que estou sendo cuidada. Acho que esse fantasma simpatizou comigo. Um dia, quando saí apressada para almoçar, esqueci de passar a trancar na porta. Quando voltei, lá estava ela, trancadinha.
Mas, o melhor aconteceu hoje.
Primeiro, vou explicar a confusão: o número da minha sala, oficialmente, é o três. No entanto, para efeito de interfone, é o cinco. E cinco também é o número que consta na caixa de correspondência. E eu não tenho a chave da caixa de conrrepondência da sala três. Entendeu? Pois é, nem eu. Mas, o fato é que, quando fui contratar telefone e energia elétrica, informei o número três como sendo o da sala, já que é esse que consta no meu contrato de locação.
Preocupada com o fato de que o carteiro fosse colocar as faturas na caixa três, à qual não tenho acesso, fui pedir uma segunda via de conta para a operadora de telefonia e a companhia de energia. Foi aquele problema, porque eu precisava ter o número do contrato. Mas, eu não tinha o número do contrato porque ele estava nas faturas que estavam na caixa de correspondência indisponível.
Apelei pro meu charme e, num ato de desespero, até para a minissaia com a fenda do lado. Nada feito: sem contrato, sem segunda via de conta.
Fui ao escritório com um pé de cabra, já disposta a arrombar a bendita caixa três e pegar minhas faturas. Aliás, diga-se de passagem, àquela altura eu já estava delirando e a abertura da tal caixa três me pareceu uma boquinha com um sorrisinho sacana para mim. E pensei com meus botões: "é agora que esse sorrisinho vai acabar, porque eu vou destruir você, sua caixinha ordinária!"
Porém, num momento iluminado, resolvi olhar para a caixa cinco e abrí-la: lá estavam as minhas contas de energia elétrica e de telefone. Claro que só podia ser coisa do meu fantasma particular.
E assim seguimos trabalhando, eu e meu novo amigo invisível. Dizem que esse tipo de amizade é saudável até os cinco ou seis anos (diga-se de passagem, eu fui saudável até demais, porque até essa idade tive três amigos imaginários), mas que depois vira caso psiquiátrico.
Mas, não me importo. Prefiro ficar com o que diz a letrada música: "mais louco é quem me diz e não é feliz; eu sou feliz".
3 comentários:
Gostei desta postagem, vivo questões desta natureza, só que casos diferentes, mas fique atenta com este seu novo amigo quando se aproximar os 5 ou 6 anos de relação. JRBorges.
kkkkkkkkkkk Dei muitas risadas com seu fantasma! Mas acho que, mesmo ele estando "bonzinho", você JAMAIS ficará trabalhando até tarde!!! Que medo!
Esqueci de dizer... Por que vocÊ não compra um Tabuleiro de Ouija? Aí resolve o caso do fantasma de uma vez! rs
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