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Santo (2)

Published by Adriana Neumann under on 4:36:00 PM
Flora era uma doce e simples moçoila do interior. Muito crédula, tadinha, passava seus dias entre lecionar para crianças e trabalhar na execução de seu enxoval, já que sua esperança e meta de vida era casar-se com Plínio Cesar, seu primeiro e único amor.

Acontece que, certo dia, Plínio Cesar começou a rebelar-se. Passou a duvidar do que sentia por Flora, deixou de falar sobre o casamento iminente e, dizem as más línguas, começou a frequentar lupanares obscuros nas cidades vizinhas.

Flora se desesperou. E resolveu tomar a atitude sábia de todas as moçoilas nessa situação: foi chorar nos braços da melhor amiga, Cláudia Aparecida.

Esta, que segundo a mãe de Flora Augusta, não era flor que se cheirasse, disse à amiga que tinha um amigo, Dionísio Alberto, que era medium e conhecia todas as simpatias existentes para segurar homem.

Porém, havia um detalhe nisso tudo: Dionísio Alberto não era medium e Cláudia Aparecida só tinha agido daquela forma pra tranquilizar a amiga.

Mas, como dito no início, Flora Augusta era crédula e, por isso mesmo, acreditou no que disse a amiga e foi procurar Dionísio Alberto, certa de que ele acabaria com seu desespero.

Este, já avisado por Cláudia Aparecida, foi logo avisando a Flora q o trabalho sairia caro. Ela não rejeitou. Disse que ela não podia economizar, senão o santo iria ficar bravo. Ela disse que tudo bem.

Então, Dionísio Alberto pediu que Flora fizesse uma cesta com guloseimas caras - doces, balas, bombons -, em enorme quantidade e de da melhor qualidade. E avisou que, se ela tentasse tapear o santo, o trabalho sairia ao contrário e Plínio Cesar iria embora para sempre.

E assim Flora fez: no dia combinado, levou a Dionísio Alberto uma cesta com várias barras de chocolate suíço, doces finos e caramelos caríssimos. Havia gasto quase todo o salário de um mês como professora, mas era por uma boa causa.

Então, Dionísio Alberto, que não era medium mas tinha bom coração, levou a cesta ao orfanato mantido pela Ordem das Pecadoras Redimidas, para que as guloseimas fossem distribuídas entre as crianças.

Passadas algumas semanas, Dionísio Alberto, já esquecido do que ocorrera, recebeu outra ligação de Flora, que disse que o trabalho tinha dado certo e que ele precisava fazer outro, porque ela precisava que Plínio Cesar marcasse o casamento.

Assim foi feito, e Dionísio Alberto alertou que a quantidade de doces da cesta tinha que ser muito maior e os produtos muito mais caros, porque o trabalho deveria ser mais pesado, para agradar o santo.

Flora cumpriu o comando e, mais uma vez, Dionísio Alberto foi ao orfanato com tão generoso presente para as criancinhas. As irmãs de caridade desta vez o elogiaram ainda mais e comentaram como existiam pessoas de tão grande coração no mundo.

E parece que as coisas deram certo pro lado de Flora, porque ela se casou com Plínio César, que até chegou a largar os lupanares para se dedicar unicamente à família.

Depois disso, Flora recomendou o trabalho de Dionísio a várias amigas. Ele ficou famoso e filas começaram a se formar em frente à sua casa.

Enquanto isso, as crianças do orfanato foram engordando, graças àquele que veio a se tornar o grande benemérito da Ordem das Pecadoras Redimidas.

(Baseado em fatos reais)

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