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Da gordinha e do filho do borracheiro

Published by Adriana Neumann under on 7:23:00 PM
Esta é a história de LeeAnn Mc Donald e Billy Bob Templeton, que viviam na pequena e pacata cidade de Winstonchestertonville, no Kansas, EUA.

LeeAnn nunca foi uma criança esguia nem tampouco graciosa. Era gorduchinha, atrapalhada e do tipo que passava atropelando todo mundo e quebrando coisas. Vivia num rancho com a mãe, que a cercava de mimos e fomentava seu físico com tortas de maçã. Seu pai estava na guerra.

Billy Bob era esperto e franzino. Vivia trepado em árvores, correndo de pés descalços pela rua e sempre aprontando as suas. Era filho do borracheiro da cidade e vivia meio sujinho, provavelmente por frequentar assiduamente a oficina do pai.

Ambos tinham nascido o mesmo ano, tinham sete anos de idade e estudavam na mesma classe de Mrs. Mc Bride.

Entre LeeAnn e Billy Bob, seguramente, havia uns cinco centímetros de diferença, tanto em altura como em circunferência e Billy Bob vivia a implicar com LeeAnn por causa de sua opulência física e LeeAnn com Billy Bob por viver sujinho e falar palavrões.

Em outras palavras: eram inimigos, com a perigosa inveja recíproca, pois Billy Bob adoraria que sua mãe fizesse tortas de maçã para ele e LeeAnn sonhava com o dia em que pudesse andar descalça.

Acontece que um belo dia, quis o destino que o inusitado acontecesse: Billy Bob fez uma festa de aniversário e para ela convidou LeeAnn.

Na verdade, a festa era como qualquer outra festa infantil, com bolo, cupcakes e brincadeiras. Mas foram justamente as brincadeiras que mudaram para sempre o destino de LeeAnn Mc Donald e Billy Bob Templeton.

Acontece que uma dessas brincadeiras era feita entre várias duplas de crianças, que, abraçadas, tentavam estourar balões de gás, pressionando-os contra suas barrigas. A primeira dupla que estourasse o balão seria a vencedora.

Billy Bob era o anfitrião da festa e, claro, queria a todo custo vencer a comppetição. Sua lógica era simples: escolheria a criança com mais potencial para estourar um balão, em razão da sua força. Claro que quem preenchia esse requisito era LeeAnn, a comedora de tortas de maçã e a criança mais alta e forte da classe de Mrs. Mc Bride. Assim, procurou vencer as diferenças que tinham e a chamou para ser seu par na brincadeira.

E assim estavam duas crianças com considerável diferença de altura e peso, tentando juntas estourar um balão, no jardim do rancho dos Templeton's, que possuía uma cerca viva formada de espinhos.

Pois estavam LeeAnn e Billy Bob tem próximos à cerca quando algo terrível aconteceu. Como dito, LeeAnn não era graciosa, mas antes grandalhona e desajeitada. Na tentativa de estourar o balão, empurrou Billy Bob com tanta força que ele caiu em cheio na cerca viva de espinhos e teve sérios ferimentos, a ponto de ser levado para o ambulatório do Dr. Arlington para levar pontos nas mãos, costas e rosto.

A festa acabou. A mãe de Billy Bob disse que LeeAnn havia feito aquilo de propósito, por causa da inimizade dos dois. Todos os presentes deram razão a ela e a pobre menina foi para casa em prantos pela vergonha, ficando por lá por uma semana inteira.

O tempo passou e as feridas de Billy Bob se curaram, mas ficaram horríveis cicatrizes. Ele e LeeAnn sequer se olhavam e os dias prosseguiam em Winstonchestertonville.

Um dia, o pai de LeeAnn voltou da guerra condecorado e com um novo emprego, do outro lado do país, em New Jersey, para onde se mudou com sua família. A garota considerou aquilo como uma oportunidade de mudança e ela decidiu que seria magra, formosa e agradável. Adeus tortas de maçã e brincadeiras violentas!

Billy Bob continuou na pequena Winstonchestertonville, com suas cicatrizes, uma tatuagem, ajudando o pai na borracharia durante o dia e bebendo no bar do velho O'Malley à noite.

LeeAnn continuou emagrecendo, cresceu e virou uma bela moça, inteligente e delicada. E, diga-se de passagem, com muitos namorados. Formou-se na Highschool e foi a Rainha do Baile, junto com seu namorado, jogador de rugby. Nesse dia, foi descoberta ppor um caçador de talentos e convidada para um ensaio fotográfico em New York. Virou modelo.

Billy Bob, ao longo desse tempo, continuou trabalhando na borracharia do pai durante o dia e à noite bebia no bar do velho O'Malley e divertia-se com as putas da região. Já tinha mais três tatuagens.

LeeAnn foi capa da Vogue num certo mês de novembro e, em dezembro, algo de sinistro começou a acontecer em Winstonchestertonville: meninas gordinhas começaram a desaparecer misteriosamente.

O Natal foi triste naquela cidade, porque dias antes, o corpo da primeira menina gordinha foi encontrado, com sinais visíveis de violência, abdômem aberto com retirada de tecido adiposo na região.

LeeAnn passou aquele Natal e o Ano Novo em New York feliz com sua família e seu novo namorado, herdeiro da fortuna dos Parker-Van der Welt.

Em fevereiro, o corpo de mais duas meninas gordinhas foi encontrado em Winstonchestertonville, com os mesmos sinais de violência da primeira. As mãe começaram a impor regimes alimentares às suas filhas e o cheiro de tortas de maçãs assando não foi mais sentido por lá.

Em setembro, LeeAnn, já uma top model, desfilou na Semana de Moda de Paris, com exclusividade para Chanel, já que Karl Lagerfeld a considerava a sua nova e eterna musa. Deu uma entrevista para a Vogue francesa e disse que o que a motivara na carreira foi um episódio ocorrido na infância, quando ela ainda era gordinha e desajeitada, e machucara seu amigo por conta dessa sua condição.

Até outubro, o corpo de mais cinco meninas foi encontrado na pequena Winstonchestertonville, na mesma condição das anteriores, e a polícia da região teve certeza de que se estavam lidando com o serial killer. O FBI foi chamado e assumiu o caso.

Em novembro, LeeAnn Mc Donald teve participação especial no badalado desfile da griffe Victoria's Secret. No mesmo mês, Billy Bob Templeton, agora com vinte e cinco tatuagens ao longo do corpo, foi preso, acusado do assassinato das oito meninas. Na sua casa foram encontrados bisturis diversos e várias fotografias de Lee Ann presas na parede do seu quarto.

Ao ser entrevistado com exclusividade no 60 Minutes, disse que os crimes foram motivados pelo ódio que sentia por LeeAnn, que, na infância era gordinha e o machucara.

Foi julgado e condenado à morte por injeção letal. Perguntado sobre seu último desejo, disse que era ter LeeAnn presente à sua execução. Ela foi e, aos prantos, viu Billy Bob morrer dizendo que nas mãos dela também estava o sangue daquelas crianças.

Duas vidas. Dois destinos diferentes motivados pelo mesmo acontecimento.

2 comentários:

João Gilberto Saraiva disse... @ 30 de novembro de 2010 às 05:19

Me lembrou CSI, gostei doutora.

Vanderlei Leite disse... @ 18 de dezembro de 2010 às 09:18

Caraca.
É a mania que muitos tem de querer colocar nos outros a culpa pela própria infelicidade, como se a culpa por ser infeliz fosse de toda a humanidade ou de alguém específico, menos dele mesmo.

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