O enterro de Loulou
Published by Adriana Neumann under on 8:54:00 AM
Aquele era o dia do salão de beleza, uma sexta-feira terapêutica em que ela abandonava tudo o que tinha enchido a sua paciência na semana e ia cuidar de si mesma e atualizar suas informações com cabeleireiros, manicures e afins.
Foi lá que ela ficou sabendo, por exemplo, que determinada cliente tinha recebido o apelido de mulher-orquídea: que só dava uma vez por ano. Lá também é que ela ficou informada de divórcios, uniões, casos e assuntos cabulosos, e soube que aquele senhor respeitável que cortava seus cabelos sempre na última terça-feira do mês era cliente daquela menina batalhadora do lupanar vizinho, que vinha retocar suas luzes quinzenalmente e, sem nenhuma discrição, contou da predileção de seu parceiro de negócios por algemas e similares.
Mas, nada a havia preparado para a história do enterro de Loulou, a lhasa apso de Glorinha Pederneiras, a colunista social da cidade, também cliente.
Contou-lhe a manicure que Loulou morrera de maneira trágica, envenenada por algum vizinho sem coração. Glorinha ficou inconsolável e tentou a todo custo salvar o animalzinho, em vão.
Uma vez acontecido o pior, ela achou que não seria justo apenas enterrar o pobre bichinho, já que ele merecia as exéquias apropriadas a um membro de tão nome linhagem. Assim, Glorinha encomendou na funerária um esquife de madeira sob medida, forrado com o mais nobre cetim, e lá mandou colocar o corpo de sua querida e inseparável amiga. Em seguida, levou-o da clínica veterinária à sua casa e o despositou no seu jardim. Os pais e avós de Glorinha foram chamados, assim como os amigos e proprietários de outros cãezinhos, e Loulou foi velada por 25 horas, até que se fizesse o seu enterro.
Diz-se que somente não houve missa de sétimo dia porque o padre não consentiu, mas Loulou ainda está sendo pranteada pelos amigos e familiares próximos e Glorinha ainda recebe mensagens de condolências.
_____________
A história é baseada em fatos reais, contados recentemente em um salão de beleza, claro. Apenas foram feitas algumas modificações quanto a nomes e outros detalhes, para preservar a identidade dos envolvidos.
Ah, que fique esclarecido: eu adoro cães e quem os tem sabe como é sofrido perder um bichinho. Mas, pra tudo há um limite, né?
Foi lá que ela ficou sabendo, por exemplo, que determinada cliente tinha recebido o apelido de mulher-orquídea: que só dava uma vez por ano. Lá também é que ela ficou informada de divórcios, uniões, casos e assuntos cabulosos, e soube que aquele senhor respeitável que cortava seus cabelos sempre na última terça-feira do mês era cliente daquela menina batalhadora do lupanar vizinho, que vinha retocar suas luzes quinzenalmente e, sem nenhuma discrição, contou da predileção de seu parceiro de negócios por algemas e similares.
Mas, nada a havia preparado para a história do enterro de Loulou, a lhasa apso de Glorinha Pederneiras, a colunista social da cidade, também cliente.
Contou-lhe a manicure que Loulou morrera de maneira trágica, envenenada por algum vizinho sem coração. Glorinha ficou inconsolável e tentou a todo custo salvar o animalzinho, em vão.
Uma vez acontecido o pior, ela achou que não seria justo apenas enterrar o pobre bichinho, já que ele merecia as exéquias apropriadas a um membro de tão nome linhagem. Assim, Glorinha encomendou na funerária um esquife de madeira sob medida, forrado com o mais nobre cetim, e lá mandou colocar o corpo de sua querida e inseparável amiga. Em seguida, levou-o da clínica veterinária à sua casa e o despositou no seu jardim. Os pais e avós de Glorinha foram chamados, assim como os amigos e proprietários de outros cãezinhos, e Loulou foi velada por 25 horas, até que se fizesse o seu enterro.
Diz-se que somente não houve missa de sétimo dia porque o padre não consentiu, mas Loulou ainda está sendo pranteada pelos amigos e familiares próximos e Glorinha ainda recebe mensagens de condolências.
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A história é baseada em fatos reais, contados recentemente em um salão de beleza, claro. Apenas foram feitas algumas modificações quanto a nomes e outros detalhes, para preservar a identidade dos envolvidos.
Ah, que fique esclarecido: eu adoro cães e quem os tem sabe como é sofrido perder um bichinho. Mas, pra tudo há um limite, né?
3 comentários:
Que exagero hein?
Perder um animal de estimação é mesmo muito ruim. O meu cachorro já tem 10 anos e eu nem quero pensar no dia que ele morrer.
Até mais doutora.
Pois é, tb achei um exagero!
Já tive alguns cães ao longo da vida e eu fiquei péssima, de luto mesmo, quando todos eles morreram. A última, Pamina, tem 3 anos - graças a Deus, ainda é cedo pra pensar nesses assuntos.
Até mais, doutor!
mas isto até parece um conto de nelson rodrigues!
parabéns!
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