Caos
Published by Adriana Neumann under on 8:16:00 AM
Todo mundo sabe da tragédia que aconteceu em novembro em Santa Catarina, em especial Blumenau, de longe a cidade mais afetada.
Pra quem não sabe, vou contar rapidamente o que aconteceu. Nós vínhamos sofrendo com chuvas contínuas desde o mês de agosto e, em 22 de novembro, choveu mais do que normalmente chove em quatro meses, o que provocou uma enchente e a queda de muitas barreiras.
Mas, não foi uma simples queda como as que a gente ouve falar, especialmente nesta época do ano. Como o solo já estava encharcado, com essa tromba d'água, os morros simplesmente 'derreteram' e começaram a desabar. Numa comparação feita por um especialista no assunto, foi como se um vulcão tivesse entrado repentinamente em erupção. Só que, em vez de lava, tínhamos lama.
Foi algo realmente sem precentes, com o qual e com a qual ninguém sabia lidar, nem mesmo os que ajudaram no socorro de outras vítimas em outras tragédias Brasil a fora. Em 508 anos de história, não existiu (ou não se registrou) nada semelhante.
Assim, de uma hora para outra, casas, ruas e mesmo bairro ficaram soterrados debaixo de lama. Não temos cenas de um desmoronamento comum, em que ainda se podem ver casas, ainda que destruídas. Na verdade, o que vemos são lugares com lama e árvores derrubadas e muitos metros abaixo o que um dia foi uma casa. Exatamente como em grandes erupções vulcânicas.
Eu - assim como outros que moram no centro ou em bairros que não foram afetados - não tinha a noção exata da dimensão da catástrofe, até que esta semana fui assistir a uma palestra com um capitão do Corpo de Bombeiros aqui de Blumenau, que ajudou nos trabalhos de resgate das vítimas e explicou tudo isso que eu estou narrando agora.
Aliás, quem passa por uma dessas áreas atingidas fica em tal estado de desolação, que demora a se recuperar. Inclusive, bombeiros e outros que ajudaram no resgate, assim como as próprias vítimas, estão em tratamento psicoterápico para tentar colocar as idéias no lugar.
Diante dessa situação horrível, nós ainda temos mais de quatro mil desabrigados. Aliás, estima-se que alguns abrigos serão mantidos por até dois anos, até que se consiga assentar esse povo todo.
Como se não bastasse, no Morro do Baú, região mais afetada e que literalmente desapareceu debaixo da lama, havia muitos agricultores, que viviam do que plantavam. Então, não só eles não tem casa como também não tem meio de subsistência.
O pior de tudo: não se fala mais da tragédia. O governo federal nos esqueceu. Lançou mão de promessas demagógicas de auxílio a empresas, para depois nada fazer além de liberar o FGTS dos blumenauenses. Resultado: várias pequenas e médias empresas que ainda não fecharam estão por fechar, por causa dos prejuízos obtidos com a tragédia, causando desemprego e aumentando o problema que não é pequeno.
A mídia também não fala mais do assunto. Como todas as tristezas que nosso povo vivenciou ao longo de 2008, também esta foi esquecida. Afinal, o povo não pode ser 'saturado' com essas notícias.
No momento crítico, em que houve aquela comoção no país, a Sra. Ana Maria Braga chegou a fechar uma das principais avenidas da cidade, para fazer seu programa, atrapalhando inclusive o trânsito dos veículos de resgate. Foi uma atitude ridícula e egoísta de quem só procura audiência. Mais ridículo ainda o fato de nada mais se falar sobre a situação.
Como em outros momentos tristes - leia-se enchentes de 1983 e 1984 -, o blumenauense arregaçou as mangas e tratou de consertar os estragos. Por isso, a cidade está linda, apesar de tudo. Quem chega aqui, vê ruas limpas e praças impecáveis e cheias de flores, onde antes havia lama. Portanto, o turista que quiser vir à cidade, pode chegar sem medo.
No entanto, nos bairros atingidos, ainda temos ruas inteiras destruídas e mais de quatro mil pessoas em abrigos, muitas delas também sem emprego.
O trabalho dos voluntários está sendo excepcional e as doações vindas de todo o país nos comoveram. Mas, há coisas que não estão ao nosso alcance, que dizem respeito justamente à liberação de recursos pelo governo e ajuda emergencial às empresas. E isso acho que só será possível através da pressão popular sobre os políticos.
Escrevo tudo isso porque é uma forma de não deixar o assunto cair no esquecimento. A situação é muito grave e não pode ser deixada de lado.
Enquanto eu puder, falarei sobre isso. E peço que essa notícia seja divulgada aos seus conhecidos. Também é uma forma do assunto se manter vivo na memória de todos.
Blumenau ainda precisa de socorro!
Pra quem não sabe, vou contar rapidamente o que aconteceu. Nós vínhamos sofrendo com chuvas contínuas desde o mês de agosto e, em 22 de novembro, choveu mais do que normalmente chove em quatro meses, o que provocou uma enchente e a queda de muitas barreiras.
Mas, não foi uma simples queda como as que a gente ouve falar, especialmente nesta época do ano. Como o solo já estava encharcado, com essa tromba d'água, os morros simplesmente 'derreteram' e começaram a desabar. Numa comparação feita por um especialista no assunto, foi como se um vulcão tivesse entrado repentinamente em erupção. Só que, em vez de lava, tínhamos lama.
Foi algo realmente sem precentes, com o qual e com a qual ninguém sabia lidar, nem mesmo os que ajudaram no socorro de outras vítimas em outras tragédias Brasil a fora. Em 508 anos de história, não existiu (ou não se registrou) nada semelhante.
Assim, de uma hora para outra, casas, ruas e mesmo bairro ficaram soterrados debaixo de lama. Não temos cenas de um desmoronamento comum, em que ainda se podem ver casas, ainda que destruídas. Na verdade, o que vemos são lugares com lama e árvores derrubadas e muitos metros abaixo o que um dia foi uma casa. Exatamente como em grandes erupções vulcânicas.
Eu - assim como outros que moram no centro ou em bairros que não foram afetados - não tinha a noção exata da dimensão da catástrofe, até que esta semana fui assistir a uma palestra com um capitão do Corpo de Bombeiros aqui de Blumenau, que ajudou nos trabalhos de resgate das vítimas e explicou tudo isso que eu estou narrando agora.
Aliás, quem passa por uma dessas áreas atingidas fica em tal estado de desolação, que demora a se recuperar. Inclusive, bombeiros e outros que ajudaram no resgate, assim como as próprias vítimas, estão em tratamento psicoterápico para tentar colocar as idéias no lugar.
Diante dessa situação horrível, nós ainda temos mais de quatro mil desabrigados. Aliás, estima-se que alguns abrigos serão mantidos por até dois anos, até que se consiga assentar esse povo todo.
Como se não bastasse, no Morro do Baú, região mais afetada e que literalmente desapareceu debaixo da lama, havia muitos agricultores, que viviam do que plantavam. Então, não só eles não tem casa como também não tem meio de subsistência.
O pior de tudo: não se fala mais da tragédia. O governo federal nos esqueceu. Lançou mão de promessas demagógicas de auxílio a empresas, para depois nada fazer além de liberar o FGTS dos blumenauenses. Resultado: várias pequenas e médias empresas que ainda não fecharam estão por fechar, por causa dos prejuízos obtidos com a tragédia, causando desemprego e aumentando o problema que não é pequeno.
A mídia também não fala mais do assunto. Como todas as tristezas que nosso povo vivenciou ao longo de 2008, também esta foi esquecida. Afinal, o povo não pode ser 'saturado' com essas notícias.
No momento crítico, em que houve aquela comoção no país, a Sra. Ana Maria Braga chegou a fechar uma das principais avenidas da cidade, para fazer seu programa, atrapalhando inclusive o trânsito dos veículos de resgate. Foi uma atitude ridícula e egoísta de quem só procura audiência. Mais ridículo ainda o fato de nada mais se falar sobre a situação.
Como em outros momentos tristes - leia-se enchentes de 1983 e 1984 -, o blumenauense arregaçou as mangas e tratou de consertar os estragos. Por isso, a cidade está linda, apesar de tudo. Quem chega aqui, vê ruas limpas e praças impecáveis e cheias de flores, onde antes havia lama. Portanto, o turista que quiser vir à cidade, pode chegar sem medo.
No entanto, nos bairros atingidos, ainda temos ruas inteiras destruídas e mais de quatro mil pessoas em abrigos, muitas delas também sem emprego.
O trabalho dos voluntários está sendo excepcional e as doações vindas de todo o país nos comoveram. Mas, há coisas que não estão ao nosso alcance, que dizem respeito justamente à liberação de recursos pelo governo e ajuda emergencial às empresas. E isso acho que só será possível através da pressão popular sobre os políticos.
Escrevo tudo isso porque é uma forma de não deixar o assunto cair no esquecimento. A situação é muito grave e não pode ser deixada de lado.
Enquanto eu puder, falarei sobre isso. E peço que essa notícia seja divulgada aos seus conhecidos. Também é uma forma do assunto se manter vivo na memória de todos.
Blumenau ainda precisa de socorro!
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