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Das Cortesãs

Published by Adriana Neumann under on 9:41:00 AM
Hei de reconhecer que admiro as cortesãs.

Não falo aqui das prostitutas das cidades nem das putas das estradas. Essas eu respeito - afinal, cada um sabe de si e onde o calo aperta -, mas não admiro.

Já as cortesãs, sim, eu admiro.

Não propriamente pelas suas habilidades sexuais, já que estas não são admiráveis nem raras, uma vez que qualquer cursinho walitta de sedução para donas de casa entediadas ensina muito mais do que elas sonhavam saber.

Admiro as cortesãs pelas barreiras que elas quebraram. Num tempo em que as mulheres tinham poucos direitos e pouca instrução - sendo muitas vezes tratadas como propriedade por seus maridos -, elas eram as únicas a quem se permitia uma educação ou conhecimento das artes. Eram sofisticadas, tinham beleza, atrevimento, brilho, alegria, graça e charme. E o mais importante: não se submetiam a ninguém.

Admiro as cortesãs porque elas sabiam ser agradáveis, sabiam como dar momentos de prazer ao homem - e não só sexual -, sabiam ouví-lo e sabiam quando e o que falar e quando calar.

Não é à toa que os homens as procuravam. Sem dúvida, pensavam na sua satisfação sexual, mas também importa dizer que eles viam nelas a agradável companhia que não tinham em casa.

Não culpo as esposas daquele tempo por essa situação, já que o extremo recato e a total nesciência lhes eram impostos naquele tempo e elas nem tinham sequer noção de que poderiam ser diferentes.

Porém me entristeço ao ver algumas esposas de hoje - num mundo em que há tantas oportunidades de crescimento pessoal - se comportarem como aquelas antigas esposas, sem buscar o saber, sem se importar em ser boas companhias para seus maridos, sem agradá-los e, o mais problemático, sem procurar lhes proporcionar satisfação sexual.

São mulheres que murmuram, reclamam, limitam-se a falar dos filhos e da geladeira que estragou, que andam de rolinhos e arrastando seus chinelos e pensam que o status conferido por um documento lhes dá garantias eternas e irrevogáveis de estabilidade matrimonial e sentimental.

Dizem ainda que a cortesã é menos que uma amante e mais do que uma prostituta. Menos do que a amante porque negocia o amor. Mais do que a prostituta porque escolhe seus clientes. Pois eu digo que a cortesã é aquela transpõe os limites que a sociedade lhe impôs, sendo, assim, a mulher plena, nem mais nem menos.

Lógico que também há os maridos que se comportam como verdadeiros trogloditas. Claro que esse homem também é motivo de decepção e não merece uma boa mulher ao seu lado. Mas, hoje falo apenas das mulheres.

Assim, que tal as esposas serem cortesãs de seus maridos?

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