Só no Rio...

Apesar de não ser carioca da gema, eu já conhecia a mania que se tem aqui no Rio de arrumar um jeito de fazer brincadeira com coisa séria, o que acho um exemplo de bom humor que raramente se vê.

Contudo, fiz uma nova descoberta: o talento do carioca em transformar o que seria brincadeira ou algo, no mínimo, informal ou ilegítimo, em coisa séria.

Por exemplo, as favelas, apesar de serem um caso sério, não são coisas sérias, ou melhor, não são algo revestido de legitimidade, já que surgiram a partir da ocupação por alguém de lugares que, teoricamente, pertenciam a outrem. Assim, por tal motivo, seus habitantes não pagam os impostos a que estariam obrigados, em razão do que, viveriam na clandestinidade, certo?

Errado, erradíssimo, pelo menos aqui no Rio, onde foi criada a CUF (Central Única das Favelas), para justamente proteger os interesses dos moradores desses locais e revindicar uma série de direitos. Quando li a notícia, achei até que era um chiste do colunista, mas não, era notícia mesmo!!

Mas, isso até que não é tanto engraçado quanto a ONG Davida e a sua "filha" chamada Daspu. Referida ONG é formada por meretrizes do Centro da cidade. E como se sabe, tal profissão, embora seja a mais antiga do mundo, ainda não foi legalizada e, se o fosse, surgiriam grandes dilemas jurídico-previdenciários, tais como "Seria a gravidez encarada como acidente de trabalho"?

Mas, voltando ao assunto em si, após esse indiscreto desvio, as integrantes dessa ONG criaram a "boutique" de luxo chamada Daspu. Afinal, se São Paulo tem sua Daslu, nada mais correto que o Rio ter sua Daspu, onde se vendem interessantes acessórios para a prática do prazer, os quais também podem ser conferidos no site da entidade.

E agora, as meninas estão reivindicando da Prefeitura a doação de um imóvel para que se instale o finíssimo comércio.

Então, CUF e Daspu, que poderiam ser objeto de alguma piada de cariocas, estão virando coisa séria, legalizada. É a lei irreverente do nosso Brasil.

Mas, chega de abobrinha por ora, porque estou sentindo o cheiro da rabanada de vinho no forno, sinal de que ela está pronta. Essa iguaria, acompanhada de risoto de agrião com ricota, feita com a ajuda da Alcinéia, secretária da casa, é minha contribuição "mezzo light" para a ceia de reveillon. Eu gosto! Vamos ver se mais alguém me acompanha.

E, sendo hoje o último dia de 2005, não poderia deixar de desejar um feliz 2006 para os que estiverem lendo esse blog. Nunca deixem de correr atrás de seu sonho. Se ele tiver acabado na padaria da esquina, procure em outra!!

Grande abraço!